Quando a emenda constitucional que propunha eleições diretas para presidente foi rejeitada pelo Congresso Nacional, em 1984, um dos líderes do
movimento que incendiara o país em defesa do voto livre sentiu que chegara sua hora. Mesmo tendo de concorrer no Colégio Eleitoral composto em sua maioria por deputados e senadores do governista Partido Democrático e Social , Tancredo Neves lançou-se candidato pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro, com o apoio de uma de todos os partidos que clamavam pela redemocratização do país e venceu as eleições em 15 de janeiro de 1985, data que simboliza o fim de mais de vinte anos de ditadura militar.
A tão esperada posse, no entanto, nunca ocorreu. No dia 14 de março, véspera de assumir o cargo, o ex-governador de Minas Gerais teve de ser operado às pressas no Hospital de Base, em Brasília. Era o início de um pesadelo que exigiria outras seis intervenções cirúrgicas e se estenderia até sua morte, anunciada em 21 de abril.
Tancredo Neves era um mestre na arte de tecer acordos políticos. Nascido na cidade mineira de São João del Rey, foi vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro da Justiça (no governo constitucional de Getúlio Vargas), primeiro-ministro (no governo parlamentarista de João Goulart), senador e governador de Minas (escolhido pelo voto direto em 1982). Também participou ativamente da campanha das “diretas já”, que culminou nos comícios de mais de 1 milhão de pessoas no Rio de Janeiro e em São Pauloe com a sua eleição em janeiro de 1985.
Na véspera da posse de Tancredo em 14 de março de 1985, ele foi internado. No dia seguinte, José Sarney tomou posse interinamente até que o titular
assumisse. Em 21 de abril de 1985, Tancredo falece aos 75 anos de idade, e José Sarney tornou-se presidente por tempo definitivo.
Chegava definitivamente ao fim uma ditadura que durara mais de 20 anos.